Nos últimos anos, a sustentabilidade deixou de ser uma questão periférica para se tornar central nas estratégias empresariais. No setor do agronegócio, onde os desafios ambientais e sociais são intensos, a demanda por soluções sustentáveis nunca foi tão evidente.
Na Flow Executive Finders registramos um aumento de 250% na procura por executivos especializados em sustentabilidade e redução da pegada de carbono no último ano. Esse crescimento é reflexo de um movimento global, impulsionado por pressões regulatórias, demandas de mercado e a necessidade de alinhar operações às exigências climáticas.
No Brasil, a Lei nº 15.042, de 11 de dezembro de 2024, que prevê a criação de um mercado regulado de emissões, demonstra como a agenda climática está se concretizando em políticas públicas voltadas para a redução de gases de efeito estufa. No entanto, o setor agropecuário, até o momento, permanece fora dessas obrigações. Em contraste, no cenário global, mercados como o europeu avançam com regulamentações cada vez mais rigorosas, a exemplo do Green Deal, que exige certificações ambientais e rastreabilidade em toda a cadeia produtiva para garantir padrões sustentáveis de importação.
Nesse contexto, as empresas do agronegócio, frequentemente vistas como vilãs no debate ambiental, enfrentam uma escolha crucial. Elas precisam se alinhar às novas exigências ou correm o risco de perder espaço em mercados competitivos.
A transformação não é apenas uma questão de regulação ou responsabilidade social; ela é, acima de tudo, uma questão estratégica. O agronegócio brasileiro é um dos principais pilares da economia nacional. O setor tem potencial para liderar práticas de sustentabilidade que protejam o meio ambiente e, ao mesmo tempo, criem valor para os negócios. As empresas que reconhecem essa oportunidade estão investindo em áreas de sustentabilidade e criando posições executivas específicas para conduzir essa agenda.
O impacto na cadeira de sustentabilidade
O papel do CEO é particularmente crucial nesse processo. Como líder da organização, ele precisa garantir que a sustentabilidade seja integrada à estratégia corporativa de forma concreta e alinhada aos objetivos de longo prazo. Sem esse respaldo, as iniciativas ambientais correm o risco de perder força. Isso compromete tanto a transformação cultural necessária quanto a competitividade da empresa no cenário global.
Mais do que uma resposta às regulamentações, a sustentabilidade tornou-se um diferencial competitivo. Investidores e consumidores exigem práticas alinhadas a ESG, e empresas que demonstram responsabilidade ambiental estão cada vez mais bem posicionadas em mercados de alto valor.
Adotar práticas sustentáveis atende às expectativas do mercado e otimiza processos. Além disso, pode reduzir custos, facilitar o acesso a linhas de financiamento mais econômicas e melhorar a reputação da marca. Essas ações não devem ser vistas como respostas isoladas, mas sim como parte de uma agenda de transformação, que conecta a sustentabilidade diretamente à estratégia de crescimento da empresa.
A criação de diretorias de sustentabilidade no setor do agro vai além de uma simples adaptação às exigências regulatórias. É um passo estratégico para fortalecer a competitividade e garantir relevância no futuro. Essa mudança reflete uma compreensão crescente de que a sustentabilidade não é apenas um custo, mas uma oportunidade de gerar valor.
Conclusão
Empresas que adotam essa visão e estruturam sua governança em torno de uma agenda estruturante de carbono e ESG criam bases sólidas para enfrentar os desafios atuais, e capturar oportunidades futuras.
Para tanto, o executivo que ocupa a posição de diretoria de sustentabilidade precisa ter um perfil mais estratégico e consultivo, com forte habilidade para navegar mudanças de mercado e identificar oportunidades. Sua atuação deve transformar a agenda de carbono em vantagem competitiva e diferencial estratégico, integrando a sustentabilidade às principais alavancas de resultado da empresa.
Mais do que um simples responsável por metas de emissões, esse profissional precisa impulsionar uma agenda de transformação que inspire toda a organização a adotar práticas sustentáveis de maneira integrada e estruturada.
Esse executivo desempenha um papel fundamental ao apoiar o Conselho de Administração e o CEO no desdobramento dessa agenda. Mais do que isso, ele é responsável por conectá-la às demais áreas da empresa. Sua atuação é fundamental para garantir que a sustentabilidade não seja tratada de forma isolada, mas, sim, como uma agenda transformacional que permeia o core business, promovendo ganhos reais e alinhados à estratégia de longo prazo.
Olhando para o futuro, é evidente que as empresas que liderarem essa transformação terão uma vantagem significativa. A sustentabilidade é, hoje, mais do que uma tendência; é uma necessidade para prosperar em um mundo que exige responsabilidade, inovação e compromisso com o impacto positivo.
Por Saulo Ferreira, sócio da Flow Executive Finders
Somos a consultoria especializada na contratação e avaliação de executivos para solucionar problemas complexos de negócios.