Por Igor Schultz e Leandro Pedrosa, sócios da Flow Executive Finders
O setor de energia é grande aposta do Brasil para 2023 quando falamos de oportunidade de negócios. Além do forte investimento em energia renovável, o país observa o avanço da abertura do mercado livre de comercialização de energia, modelo no qual empresas podem negociar preços e condições com o supridor que melhor atender às suas expectativas.
Atualmente, a compra de energia elétrica no mercado livre é permitida apenas por consumidores classificados como Grupo A, que são os conectados em alta tensão, de acordo com a portaria normativa Nº 50/GM/MME, publicada em setembro de 2022 pelo Ministério de Minas e Energia. Mas, este é apenas o começo de uma grande transformação do Ambiente de Contratação Livre de Energia (ACL), que pretende ampliar o mercado para atingir a totalidade dos consumidores brasileiros.
Essa ampliação possibilitará o direito de compra para os consumidores residenciais, comerciais e industriais, que estão atualmente no chamado “mercado cativo” de energia, onde é obrigatória a compra de energia da concessionária local e tarifas reguladas pelo governo. De acordo com estimativas da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia Elétrica Livre (ABRACEEL), a previsão é que essa abertura movimente R$ 400 bilhões por ano, sendo o sexto maior mercado do Brasil. E o cenário não é distante, visto que a previsão das entidades do setor de energia para essa “virada” é até janeiro de 2026.
O que muda no management das empresas?
Com este olhar de futuro, muitas empresas iniciaram o movimento de estruturação ou ampliação de suas áreas de Marketing e Vendas, com o objetivo de construir um canal com a rede varejista e o consumidor direto, tendo a necessidade de adaptar seus produtos e canais. Ou seja, a estratégia criada neste momento para atender com excelência ao consumidor varejista pode ser o fator decisivo para o sucesso dessas organizações em meados de 2026, visto que o grupo B, consumidor de baixa tensão, consome cerca de 50% da energia produzida do Brasil.
Este cenário também abrange as áreas de P&D, Produtos e Tecnologia, que trabalham para a criação de pacotes, infraestrutura e sistemas que sejam atrativos para todos os nichos de consumidores.
Os ‘to dos’ para esta adaptação não são inéditos, visto que um movimento semelhante foi observado no final dos anos 90 com as empresas de telefonia no Brasil, quando o sistema Telebrás foi privatizado e dele surgiram grandes players de mercado que tornaram possível a escolha da operadora pelo consumidor final e, consequentemente, tornou o mercado mais competitivo e moderno.
Ao analisar este cenário, deixamos a pergunta para o management e conselho das empresas: sua organização possui os executivos com a experiência e atributos necessários para esse novo momento do negócio?