O processo de seleção envolve estratégias de negócio e decisões de carreira. Por isso, a transparência na seleção de executivos é essencial para não errar na contratação.

A empresa contratante precisa ter clareza das competências e realizações necessárias para o alto desempenho na posição. O candidato, por sua vez, deve estar consciente do seu momento de carreira e quais projetos e desafios está buscando. Mais do que proporcionar contratações assertivas, isso ajuda a construir boas relações, segundo Camila Junqueira, sócia consultora da FLOW.

“Empresas são feitas de pessoas. O processo seletivo é vivo e as necessidades do negócio mudam a todo momento. Por isso, é importante a transparência na seleção de executivos e na troca de informações com o consultor. Para os candidatos, é necessário que identifiquem o que os motiva antes de entrarem em uma seleção”, afirma.

A metodologia FLOW

A metodologia desenvolvida pela FLOW ajuda empresas a avaliarem suas reais necessidades para construir o perfil da vaga, garantindo que o profissional contratado tenha uma visão clara de qual será o seu papel e, principalmente, o que esperam que ele realize. Com isso, a FLOW reduz o risco da contratação errada para ambos os lados.

Fatores que influenciam o processo de seleção de executivos

O processo de seleção de executivos pode ser ainda mais rápido e assertivo se o candidato tiver segurança no que está procurando. Dessa forma, a seleção é também uma ótima oportunidade para autoanálise. Segundo Camila, antes de entrar em um processo, o profissional deve refletir sobre as seguintes questões:

O que eu realizei até agora e o que desejo realizar nos próximos anos

Eu gostaria de mudar de empresa neste momento?

Quais fatores me fariam mudar de empresa?

Além disso, existem alguns fatores que podem ajudar a ter mais clareza e responder essas questões. É necessário fazer uma análise de quais são os fatores de atração e expulsão na empresa atual e na empresa que está em processo, levando em consideração aspectos profissionais e pessoais.

Governança

A governança e o estilo de liderança têm impacto direto na gestão e na cultura da empresa e, por isso, devem ser os primeiros fatores a serem analisados. Por exemplo, ao comparar duas empresas do mesmo setor, com o mesmo faturamento, mas onde uma é controlada pela família fundadora e outra é uma multinacional de capital aberto, ficam evidentes as diferenças em relação à estrutura organizacional, processos internos, dinâmica da tomada de decisão e etc.

Assim, no fator governança quatro pontos devem ser avaliados:

  • Estrutura societária e o seu desdobramento dentro dos processos da empresa
  • Rituais de gestão e o processo da tomada de decisão
  • Grau de autonomia e responsabilidade da posição
  • Fluxo de informação na organização

Recursos

Os recursos disponíveis implicam diretamente no desempenho da função. Ele influencia a rotina da área, o tipo de entrega e até o desenvolvimento das atividades. Os principais pontos a serem analisados nesse fator são:

  • Tamanho e qualificação do time
  • Nível de maturidade dos processos e sistemas
  • Disponibilidade de recurso financeiro
  • Estrutura da área com cargos, hierarquias e responsabilidades

Desafio

Segundo pesquisa feita pela FLOW com 110 executivos, a falta de desafio é o principal motivo para mudança de emprego. Os dados mostram que 66% das pessoas que fizeram uma transição saíram da organização anterior para ocupar uma posição mais desafiadora.

Este é um dos fatores mais importantes e merece uma análise profunda sobre quais são os desafios de curto e longo prazo na empresa atual e o que a nova posição oferece.

“Esse é o momento ideal para que o candidato exponha o que, de fato, são desafios e projetos que chamariam sua atenção e o fariam mudar de empresa. Do outro lado, as empresas valorizam muito um profissional que tem clareza no que está buscando”, explica a sócia consultora da FLOW.

Flexibilidade e autonomia

Flexibilidade e autonomia têm impacto direto na vida pessoal e, muitas vezes, pelos demais fatores terem pontos de atração muito fortes, o candidato só leva esse em consideração quando o processo está mais avançado.

Viagens constantes, realocações em outros escritórios ou reuniões frequentes fora da cidade são muito comuns em cargos de alta liderança e devem ser levadas em consideração em um processo de seleção.

“O equilíbrio entre vida pessoal e profissional é muito importante e, por isso, é necessário avaliar com calma todos os aspectos da vida pessoal. Se a pessoa for casada, por exemplo, é necessário conversar e alinhar as expectativas com o parceiro antes de tomar a decisão”, aconselha Camila.

Remuneração

Por fim, a remuneração deve ser o último fator a ser analisado. Além do salário, é importante avaliar se a empresa possui outras formas de remuneração, como stock option.

Transparência no processo de seleção

Após analisar os fatores de retenção e expulsão, o candidato deve compartilhar com o consultor. Além de ajudar no processo, essa é uma forma de construir networking. “Assim, o candidato tem clareza se há interesse na posição oferecida e não precisa avançar no processo desnecessariamente. Além disso, a transparência facilita ao consultor saber o que irá atrair o candidato em seleções futuras”, diz.

Essa transparência na seleção de executivos, segundo Camila, é valorizada pelo mercado, pois demonstra maturidade e revela também um estilo de liderança. “Se o profissional não tiver consciência de sua própria carreira, que tipo de mensagem ele passa para sua equipe e para o mercado?”, conclui.