As mulheres têm uma probabilidade 1,5 vez maior do que os homens de gastar três ou mais horas adicionais por dia em tarefas domésticas e cuidados com os filhos

Por Luiz Gustavo Mariano

No domingo (9/5), celebramos o Dia das Mães. Além da costumeira (e necessária) comemoração, a data deveria servir como ponto de partida para mudarmos uma situação que já deveria ter sido combatida pela sociedade: o fardo que é colocado sobre as mulheres no mercado de trabalho.

Os números e os dados revelam o tamanho e a gravidade do problema. Recentemente, o New York Times publicou artigo a respeito de como a recessão econômica, impulsionada pela pandemia, tem afetado de maneira diferente homens e mulheres.

Milhões de trabalhadoras nos EUA, diz o jornal, foram impactadas negativamente em pelo menos três etapas. Em primeiro lugar, a pandemia minou partes da economia que eram ocupadas por mulheres, como lojas de varejo, restaurantes, assistência médica, entre outras. Depois, uma segunda onda tirou empregos públicos em que também havia muitas mulheres. O fechamento das escolas e, por tabela, das creches, foi o último golpe, sobrecarregando com responsabilidades domésticas as mães que trabalham.

Ainda de acordo com o jornal, um terço das mulheres trabalhadoras de 25 a 44 anos que estão desempregadas disseram que os motivos pelos quais ficaram sem trabalho eram as responsabilidades com os filhos (e apenas 12% dos homens desempregados citaram esses motivos).

O relatório Women in the Workplace, divulgado há pouco pela McKinsey, mostra que as mulheres estavam “progredindo lentamente” no mercado de trabalho, mas que a pandemia mudou esse quadro. “Uma em cada quatro mulheres na América do Norte disse que pensava em mudar de carreira ou abandonar totalmente a força de trabalho. Para as mães que trabalham, e particularmente aquelas com filhos pequenos, o número era um em cada três.”

Nos EUA, as profissionais que são mães  representam quase um terço da força de trabalho feminina. Ignorar as consequências da pandemia nessa faixa enorme da população é contraproducente, já que a mesma McKinsey publicou um estudo que mostrava que as empresas com mais mulheres executivas têm maior probabilidade de brilhar do que aquelas com menos mulheres em cargos de liderança.

O relatório da McKinsey revela que o home office tem afetado mais a saúde mental das mulheres: 71% dos homens dizem que o trabalho remoto tem efeitos positivos, enquanto entre as mulheres o número é de apenas 41%.

As mulheres têm uma probabilidade 1,5 vez maior do que os homens de gastar três ou mais horas adicionais por dia em tarefas domésticas e cuidados com os filhos (entre as mães solteiras, o número é ainda maior.)

O estudo da McKinsey aponta também algumas medidas que as empresas podem tomar para mudar esse cenário. Por exemplo:

– estabelecer novas políticas e programas relacionados ao cuidado com as crianças (inclusive subsidiando o custo com creche);

– flexibilizar regras e horários de trabalho;

– acabar com o viés preconceituoso em relação às mulheres nos processos de trabalho (“avaliações de desempenho são cruciais, mas também podem inibir o progresso das mães”);

– ajustar processos de contratação, para que as mães possam retornar ao mercado de trabalho.

Vale a pena ler o relatório da McKinsey.