Metas têm de ser baseadas na realidade – mas esticadinhas. Assim, vão inspirar os profissionais a não se acomodarem
Em algumas conversas recentes com executivos, muitas delas feitas tendo como pano de fundo o fechamento dos objetivos para 2021, percebi que o processo de construção das metas ainda é, em boa parte, erroneamente interpretado como algo criado para atingir e ganhar bônus – ou ainda como uma maneira de deixar o acionista mais rico.
Mas não é por isso que as metas são estipuladas.
Em primeiro lugar, as metas são consequências de uma janela de oportunidade de um produto ou de um insight que a companhia tem de aproveitar antes que copiem; ou, ainda, resultado de uma necessidade de reagir a algum fator externo que está fazendo com que a organização reduza o seu market share –e, consequentemente, o seu tamanho.
Ou seja, fixar uma meta não é uma relação de estica-e-puxa. É uma necessidade clara que tem de ser bem calibrada para que a empresa permaneça ativa no seu mercado.
E tem de ser dosada por algo concreto – algo que mobilize as pessoas para um rumo comum, e não um número que simplesmente seja impossível de ser atingido naquele ano porque está muito além das condições estruturais da companhia.
E é aí que vem o desafio: se você faz uma meta pensando no bônus, a médio prazo a sua empresa vai ficar para trás e perder a capacidade de ficar em pé; em relação ao executivo, ele até pode bater a meta, mas perde o que é mais precioso, que é o seu desenvolvimento profissional e criativo. Porque o ser humano tende a se acomodar; ao atingir o objetivo, ele normalmente tende a fazer menos, a ir mais devagar, e essa atitude o impedirá de consertar falhas e de preencher gaps, e o seu desenvolvimento vai estacionar.
Certa vez, um cliente, desses que faz a empresa crescer 50% por ano, me disse: “Se você quer fechar a sua empresa, o melhor jeito é colocar metas baixas. A companhia, então, vai parar de bater forte no bumbo, as pessoas boas vão sair e ela vai morrer rapidamente, porque como ela vai parar de crescer, os médios vão ficar e os realmente talentos vão embora”. E completou, dizendo: “As metas arrojadas filtram aqueles que pensam pequeno e não deveriam estar na empresa”.
Em linhas gerais, metas frouxas fazem você ganhar pouco e andar para trás ou ficar parado; metas agressivas fazem você pensar grande e se desenvolver mais rapidamente. Se essas metas forem realistas, você conseguirá atingi-las, pois pessoas e empresas vencedoras criam as condições que precisam para alcançar os objetivos.
Metas têm de ser baseadas na realidade – mas esticadinhas. Assim, vão inspirar os profissionais a não se acomodarem.