Em entrevista para O GLOBO, Thiago Pimenta, sócio da FLOW fala sobre as características dos executivos brasileiros que mais atraem as multinacionais.
Se, há alguns anos, a mobilidade global era pontual e os executivos brasileiros ainda não estavam no radar das grandes empresas para contratações estratégicas, hoje, o cenário é bem diferente. Ao longo das últimas décadas, diante das mudanças nos cenários político e econômico do país, os profissionais brasileiros desenvolveram competências visadas e requeridas pela maioria das empresas, principalmente multinacionais estrangeiras ou brasileiras.
O Brasil já ganhou o status de ‘celeiro’ de executivos, o que contribui para a imagem de profissionalização do país. Nunca se viu tantos brasileiros no comando de empresas no exterior, sejam em multinacionais estrangeiras ou brasileiras — afirma Thiago Pimenta, headhunter e sócio da Flow Executive Finders, consultoria especializada na seleção de executivos de alta direção e posições de liderança.
Pimenta avalia que a expectativa é que esta demanda continue crescente, uma vez que o atual cenário internacional exige profissionais com capacidade para buscar resultados em ambientes instáveis e cenários adversos:
— E, nestes quesitos, os brasileiros são extremamente eficientes.
Segundo o headhunter, a principal razão para esta atratividade está diretamente relacionada ao histórico político-econômico brasileiro. Até chegar à estabilidade e às taxas de juros de apenas um dígito, o Brasil passou, em menos de 30 anos, por cenários que incluíram elevadíssimos índices de inflação, moratória da dívida, alto custo para captação de recursos e baixas taxas de crescimento econômico:
— O profissional que desenvolve uma carreira executiva no Brasil tem acesso a um ambiente com mais externalidades do que em países desenvolvidos. Estas dificuldades — que já melhoraram, mas ainda são latentes no mercado brasileiro — exige do executivo competências que vão além do poder de decisão, criatividade e agilidade. Gerar resultado diante de cenários adversos é um desafio para a maioria das empresas e o brasileiro sabe como chegar lá.