Por: Brunna Baggio, sócia da Flow Executive Finders, e Roberto Xavier Lopes, sócio e head de Inovação da BetaHauss.
Já provada nos últimos três anos, um dos principais aprendizados que as lideranças devem assumir é a importância da mudança do modelo mental tradicional. Aquela que segue a lógica industrial linear, segmentada, previsível, para espaço a um novo modelo que se adapte à realidade do mundo de transformações que vivemos hoje. Diariamente somos impactados com novas tecnologias, mudanças na economia global e, claro, pelo impacto dos meios produtivos ao meio ambiente, bem como soluções para reverter essas externalidades.
Se o seu negócio continua seguindo a lógica hierárquica clássica, minimizando riscos, não atentando para seus clientes/usuários, deixando os dados de lado e possuindo entregas padronizadas, a tendência é a deterioração do valor da empresa. Os líderes precisam entender que essa mudança é para ontem. E, somente compreendendo esse novo mundo é que estarão aptos para manter seus negócios relevantes e protagonistas.”, contextualizou Roberto Xavier Lopes, sócio e head de Inovação da BetaHauss.
Nesse contexto, algumas características são indispensáveis para preparar o novo modelo mental das lideranças:
Horizontalidade
A maioria das empresas ainda continua cobrando de seus líderes que “vistam a camisa”, porém, muitas vezes, acabam se esquecendo da reciprocidade na relação negócios-pessoas, ou seja, permanecem na lógica tradicional do estilo de gestão top-down, onde o líder ou um pequeno grupo de pessoas toma as decisões do negócio e seus colaboradores se limitam à execução.
“Esse modelo mental rígido não se sustenta mais. A necessidade de se adaptar às novas realidades e inovar não comportam mais o modelo de gestão de comando e controle. Inserir as lideranças nas decisões de negócios não só favorece a inovação como passa a inserir esse profissional na estratégia do negócio. Parte fundamental, inclusive, da metodologia da Flow Executive Finders para levar os líderes corretos às posições em aberto nas empresas.”, avaliou Brunna Baggio, sócio da consultoria de hunting.
Para a headhunter, ter o executivo alinhado aos planos de negócio da organização significa tornar as metas mais produtivas e aderente a estratégia, uma vez que é sabido de acordo com a bagagem do profissional, que ele é apto para executar as agendas de negócio já traçadas. “A provocação é que ao saber as habilidades do líder, as cobranças venham alinhadas com a execução e performance. O que torna o processo colaborativo e integrado, bem como esses líderes têm o caminho aberto para que se tornem uma referência de inspiração e engajamento.”, explicou.
Tolerância ao erro
Outra característica importante é quanto à aversão ao erro que existe em grande parte das empresas. Elas tendem a minimizar riscos e, assim, não arriscam. Não experimentam. Não testam. Isso precisa ser urgentemente revisto em todos os negócios, independentemente do segmento ou setor econômico que esteja inserido.
“A tolerância ao erro como parte do processo é ainda muito difícil de ser assimilado por muitas empresas. Elas seguem estruturadas para não privilegiar os inquietos, aqueles que desafiam o status quo, mas somente aqueles inquietos que acertam. Nesse cenário, todos querem acertar e faz seguirem o caminho mais seguro”, analisou Roberto.
Para o especialista em inovação, não se trata de instigar o erro, mas sim dar a possibilidade da experimentação. “Não é a falha pela falha, mas a falha como aprendizado. Se a empresa quiser inovar, essa lógica precisa inverter: ao invés de minimizar os riscos, devemos maximizar o aprendizado e entregar segurança psicológica ao time. E seguir em frente, testando e experimentando”.
Data-driven
Por fim, entender qualitativamente os dados e trabalhar em volta deles é algo que deve ser uma constante, ainda mais no que se refere aos hábitos de consumo do público-alvo e do mercado como um todo.
“A realidade é que todos, como pessoas, querem inovar, mas poucos, como gestores, querem mudar. Acontece que num movimento de inovação, a mudança faz parte do processo. E essa coerência é necessária.”, observou o sócio da Beta Hauss. Já para Baggio, no quesito pessoas as empresas precisam, cada vez mais, se adaptar em todos os seus setores para que o valor seja visto dentro e fora das organizações.
“A reputação e impacto positivo das empresas deve ser explorada em um ângulo 360 graus, que abranja a sociedade, o meio ambiente, o cliente e seus colaboradores. Resultados diferentes exigem atitudes diferentes”, concluiu.