Em certo momento, percebi que as pessoas da frente remam muito mais forte e com uma frequência mais intensa do que as outras
Há alguns dias, tive a oportunidade de andar pela primeira vez em uma canoa havaiana. Foi em um passeio/treino para amadores muito legal na Baixada Santista (recomendo a todas e todos). Porém, quando percebi, dado o meu ofício, eu estava analisando o comportamento das pessoas na canoa e confesso que comecei a traçar algumas teorias enquanto remava.
A canoa havaiana tem espaço para 12 pessoas, que ficam enfileiradas em seis duplas. Por obra do destino, me posicionaram no meio.
Em certo momento, percebi que as pessoas da frente remam muito mais forte e com uma frequência mais intensa do que as outras. Quando me dei conta desse padrão, passei a prestar maior atenção, para ver se eu estava enganado ou se a dinâmica mudaria. Nada. Então comecei a me perguntar por quê.
A resposta veio em segundos: os da frente estavam sendo observados por todos os de trás. Já os que estavam atrás não estavam sendo observados, por isso, podiam “relaxar”. Notei que quando eu olhava para trás, essas pessoas passavam a remar com mais força.
Várias análises podem ser feitas a partir desse cenário: sobre cobrança x entrega; sobre as condições das pessoas para executar determinada tarefa; sobre o potencial de desempenho de cada um; sobre o que se entende no Brasil (e a “lei do interesse individual”); e, por último, sobre meritocracia, que talvez seja a questão mais discutida atualmente e que acabamos levando para um lugar intangível.
Volto à canoa havaiana: por que as pessoas que estão na parte da frente vão continuar remando com força se elas soubessem que teriam mais eficiência se estivessem sozinhas –e, assim, chegariam ao objetivo em mais rapidamente, porque a canoa estaria mais leve, sem o peso de quem não rema?
Tudo é tolerável, mas é sempre bom lembrar: se você não consegue remar, peça ajuda. Se não quiser remar, saia da canoa.