Esperada anualmente por boa parte dos executivos do setor de Tecnologia e Inovação, foi lançada neste mês a carta de inovação elaborada pela futurista Amy Webb. A professora da Universidade de Nova York e fundadora e CEO do Future Today Institute (FTI) explorou, além dos tradicionais temas de tecnologia, tendências sobre ESG e o setor da saúde, que serão impactados pelo avanço da inteligência artificial.
Confira, abaixo, as dez maiores tendências elencadas por Webb:
1 – Inteligência Artificial (IA) gera onda de inovação
Novas ferramentas de IA tornarão mais rápida e precisa a transformação de ideias em projetos concretos, o que a especialista denomina “concept-to-concrete”. Ou seja, um conceito amplo e generalista pode ser refinado e estruturado com a ajuda da inteligência artificial.
2 – Abandono progressivo das criptomoedas
Webb chama a tendência de “inverno das criptomoedas”. Após diversas fraudes e o fato de as criptomoedas serem difíceis de rastrear, o mercado mundial tende a abandonar a passos lentos – porém contínuos – o investimento, que ainda não possui uma regulação unificada ao redor do globo.
3 – Sustentabilidade com base na realidade das organizações
Enquanto metas de sustentabilidade crescem de maneira agressiva, muitas empresas ainda relutam em investir em uma estrutura sólida para a redução da emissão de gases que contribuem para o efeito estufa, por exemplo. Muitas vezes por não acreditarem em um retorno a longo prazo. Cenário que pode ser modificado em 2024 com a utilização da energia renovável, utilização de materiais alternativos, captura e armazenamento de carbono, como exemplos. Para isso, a IA ajudará a acelerar o design do fluxo de trabalho, o planejamento financeiro e o gerenciamento de projetos.
4 – Algoritmos como força de trabalho
De acordo com Webb, os algoritmos são onipresentes, embora representem ainda uma forma de trabalho invisível. À medida que os sistemas de IA assumem trabalhos burocráticos mais desafiantes, a regulação a respeito do tema pode aumentar. Esse alerta acende a discussão até onde uma tecnologia poderia substituir um profissional humano nas diferentes formas de trabalho.
5 – Wearables tomando o lugar dos smartphones
Nesta perspectiva, os smartphones perdem espaço para dispositivos com IA personalizada como smartwatches e óculos de realidade aumentada. Empresas como Meta, Google e Microsoft já desenvolvem óculos inteligentes, enquanto a Humane.ai cria um dispositivo controlado por voz, câmera e gestos. A próxima geração de wearables será alimentada por sistemas multimodais de IA, o que promoverá experiências altamente personalizadas em tempo real.
6 – Inteligência Organoide
Em 2023, os cientistas formaram um novo campo denominado inteligência organoide (OI), que é considerada a próxima fronteira da biocomputação. Para atender às crescentes necessidades computacionais da IA, há uma mudança da arquitetura tradicional para abordagens mais inovadoras. Se trata de um novo campo que utiliza materiais biológicos – na maioria das vezes células cerebrais humanas – para processamento de informações, aproveitando suas capacidades inerentes. Isso representa um passo significativo no aproveitamento da eficiência natural do cérebro para aplicações de IA.
7 – Os desafios legais para as big techs
Para a pesquisadora, as maiores empresas de tecnologia do mundo conseguiram permanecer imunes às responsabilidades legais referentes ao conteúdo do usuário. Contudo, no ano passado, a SCOTUS concordou em revisar se as leis estaduais que buscam regular Meta, Google, TikTok e outras plataformas de mídia social que violam a Constituição dos EUA. O Texas e a Flórida estão liderando o ataque – e como a genAI desempenha um papel significativo na geração de conteúdo, pode ser difícil para as empresas de tecnologia argumentarem que são “apenas uma plataforma para o discurso de outras pessoas”.
8 – Biotecnologia
A biotecnologia tem avançado a um ritmo sem precedentes, prometendo avanços significativos em tratamentos e tecnologias de saúde para 2024. Contudo, a professora se mostra preocupada com a estratégia para a disseminação às grandes massas. De acordo com ela, sem uma previsão estratégica, as inovações biotecnológicas de ponta poderão agravar as desigualdades existentes nos cuidados de saúde. Os elevados custos associados a estes novos tratamentos e tecnologias significam que poderão permanecer fora do alcance de uma parte significativa da população. Esta situação corre o risco de criar uma divisão mais profunda no acesso aos cuidados de saúde, potencialmente mais profunda do que a que a já existentes.
9 – Novos materiais
A DeepMind lançou uma ferramenta em 2023 que pode revolucionar a descoberta de materiais. É uma ferramenta baseada em aprendizagem profunda conhecida como Redes Gráficas para Exploração de Materiais (GNoME), e já previu as estruturas para 2,2 milhões de novos materiais. Impressionantemente, mais de 700 destes materiais já foram sintetizados em laboratórios e estão atualmente em fase de testes. Num desenvolvimento paralelo, o Laboratório Nacional Lawrence Berkeley revelou um laboratório autónomo que trabalha em conjunto com o GNoME para projetar novos materiais de forma autónoma, minimizando a intervenção humana. Teremos muitas opções de novos materiais a partir deste ano.
10 – Combate à desinformação
De olho nas eleições que ocorrerão pelo mundo em 2024, a IA será aliada ao combate às fakenews e deepfakes (infomações manipuladas intencionalmente usando conteúdo artificial de alta qualidade). Para melhorar a qualidade do conteúdo distribuído em tempo real, as empresas de tecnologia estão atentas a checagem e rotulagem de dados.
Você, executivo de Tecnologia e Inovação, concorda com as tendências citadas acima? Como a sua empresa se prepara neste momento para enfrentar os cenários futuros?