Por Camila Junqueira, sócia da Flow Executive Finders

Mesmo que a passos lentos, caminhamos. A bandeira da diversidade e equidade de gênero vem sendo discutida há anos no cenário brasileiro, e o assunto que começou de forma tímida – e até incômoda – passou a fazer parte do cotidiano das empresas abertas, da mídia e da agenda ESG.

No meu cotidiano vejo, cada vez mais, clientes buscando inserir mulheres em cargos de liderança em suas organizações por um motivo prático: estratégia de negócios.

Um estudo recente realizado pela Fundação Getúlio Vargas com empresas brasileiras apontou que organizações que possuem mulheres em cargos de diretoria e C-level apresentam melhores índices ESG e resultados financeiros superiores. A pesquisa pontou que 52% dessas empresas alcançaram, por exemplo, desempenho acima de 97,23 pontos no índice ESG Arabesque S-Ray. Já quando a presença feminina chega aos conselhos de administração, o melhor desempenho em comparação com empresas totalmente masculinas pode ser até 72% superior.

Dados como esses são muito úteis no meu trabalho de recrutamento e seleção, porque é com base neles que avanço no propósito de ajudar as companhias a inserir executivas qualificadas em cadeiras decisivas para a execução da estratégia dos negócios. E arrisco dizer que a nossa sociedade empresarial está absorvendo o recado sobre os benefícios, visto que esse movimento vai muito além da conformidade ao comprovar estatisticamente que mulheres na liderança geram valor para as organizações.

Ainda nesta linha, me surpreendi positivamente ao lançar uma enquete no meu LinkedIn, há duas semanas, na qual perguntei se ações e políticas de diversidade de gênero estavam inclusas na pauta da empresa do respondente para o planejamento estratégico de 2023. O resultado: 55% dos participantes afirmaram que suas organizações tinham sim inserido o tema no planejamento estratégico do próximo ano e informaram seus colaboradores sobre isso.

A mudança é perceptível, mas o caminho ainda é longo. Como exemplo, cito pesquisa divulgada pela consultoria Grant Thornton em março deste ano, que indicou que as mulheres ocupam 38% dos cargos de liderança no Brasil. Em 2019, o número era de 25%. Vejo sempre o copo meio cheio, o que me incentiva a trabalhar para fazer com que esses números sejam ainda melhores em 2023. Vamos juntos!