Nas últimas semanas as notícias sobre layoffs tem tomado conta dos meios de comunicação e Linkedin. As demissões têm ocorrido com maior intensidade no setor de tecnologia, mas também se espalham por empresas do setor de serviços e indústria, o que gera uma insegurança no mercado brasileiro e, acima de tudo, para os funcionários que ficam. Este cenário se torna um desafio para os líderes atuantes nas empresas que passam por esse processo de reestruturação, porque se veem na responsabilidade de motivar quem ficou e aumentar a eficiência mesmo que com um contingente de pessoas menor.
A missão não é fácil e deve ser executada com estratégia. Muito mais do que uma comunicação assertiva sobre os caminhos traçados no planejamento estratégico da organização a curto e médio prazo, o momento exige ações que respaldem os colaboradores e ajudem a criar rotinas de confiança e motivação.
De acordo com pesquisa global conduzida pela acadêmica Maureen Dollard, da Universidade do Sul da Austrália, entre 35 mil trabalhadores ouvidos, aproximadamente 52% afirmaram que estão preocupados com o cenário econômico e, consequentemente, com a estabilidade de seus empregos. Esta sensação de insegurança – que é global – deve ser combatida dentro das empresas, dentro de cada equipe, a fim de não afetar a saúde mental e produtividade dos funcionários. Essas ações podem ditar as regras do negócio a curtíssimo prazo, evitando perdas ainda maiores.
Mas, por onde começar? De acordo com a cientista comportamental Andrea Belk Olson, articulista da publicação Harvard Business Review, existem atitudes do líder que podem engajar seus liderados em momentos de incerteza:
Legitimidade
É importante que as decisões tomadas em fóruns de liderança sejam repassadas para toda a base da pirâmide da organização. É importante ter em mente que o esforço é geral, e não cabe apenas aos cargos de liderança. Existem influenciadores por toda a cadeia do negócio.
Propriedade
Comunicar com pequenos grupos se mostra muito mais efetivo do que convocar grandes reuniões. A menor quantidade de pessoas estimula o debate e faz o processo se tornar conjunto, já uma comunicação em massa passa a impressão de uma ordem enviada de cima para baixo.
Relevância
Toda notícia deve ser anunciada juntamente com um plano de ação. Após comunicar sobre o momento atual é fundamental explanar ao time o objetivo futuro e as ações que serão executadas para chegar até ele. Cada profissional deve entender o seu papel na transformação da organização, justamente para que encare o papel de protagonista no momento de crise.
Escalabilidade
Quando a mudança se mostra drástica e difícil de ser atingida, é importante que as ações sejam desmembradas em pequenas entregas. É importante conquistar juntamente com o time pequenas vitórias para que o cenário macro não se mostre instransponível. Ao segmentar as entregas, o líder também aumenta a sua capacidade de análise, metrificação e execução.
Imparcialidade
É importante que mesmo com diversas atitudes positivas, o líder esteja preparado para o conflito. Quando a responsabilidade de reestruturação está nas mãos do CEO e do C-level, as discussões ficam centralizadas entre eles e os gestores diretos dos times. Por isso é importante abraçar críticas e sugestões com neutralidade, a fim de não criar animosidades entre departamentos. Muitas vezes, reuniões de mediação são necessárias para gerar um ambiente ideal de discussão e evitar favoritismos, a boa prática é que o mediador sejam um profissional de fora da organização e preparado para esta dinâmica.